Bienal Rubem Braga, no ES, debate crítica social, ilustração e a obra de Cândido Portinari

Mesa Guerra e Paz – Consciência Social, na qual fui um dos debatedores, teve participação também das artistas Graça Lima e Sara Lovatti

Eu, Junião, a escritora Sara Lovatti e a ilustradora e escritora Graça Lima. Crédito: PMCI

Na última sexta-feira, dia 18/05, aconteceu um bate-papo bem descontraído e com conteúdo de primeira entre a escritora e ilustradora Graça Lima, do Rio de Janeiro, e eu, mediado pela escritora capixaba Sara Lovatti, que fez perguntas e colocações bem interessantes também.

A mesa ‘Guerra e Paz – Consciência Social’ foi parte integrante da Bienal Rubem Braga, e aconteceu na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, 138 km de Vitória, capital do Espírito Santo.

O artista plástico Cândido Portinari (1903-1962), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), amigos de Rubem Braga nos tempos de Rio de Janeiro, também foram homenageados nesta edição da feira literária.

Eu e Graça Lima trocamos bastante informação sobre a importância da vida e obra do artista para a ilustração editorial brasileira e sua preocupação em retratar o contexto social da época, como as agruras da seca, na série Os Retirantes.

Portinari, em sua trajetória como artista que transitava em várias rodas e convívios sociais, ilustrou também vários livros, entre eles, contos de Machado de Assis: ‘O Alienista’ e ‘MemóriaS Póstumas de Bráz Cubas’.

Ilustrações que conheci na infância e que me marcaram bastante, sendo Portinari uma das minhas referências de traço, composição e pesquisa durante meus estudos de desenho e técnicas de pintura.

Clima de festa e consciência social

O clima descontraído no auditório Marco Antonio de Carvalho e a participação atenta e incisiva da platéia, que ativa, nos bombardeou com ótimas perguntas, acabou por trazer para o bate-papo temas muito bem vindos e que andam sempre em conjunto com a literatura: o racismo, o machismo e a desigualdade social.

A necessidade de se discutir e encontrar novos meios de estimular a leitura dentro da sala de aula, a discussão sobre representatividade, a necessidade de rever a identidade nacional construída sobre falsos lemas como a democracia racial,  e a discussão para combater velhos e graves problemas estruturais aconteceram de forma espontânea e questionadora.

Fiquei feliz, pois isso reflete o momento que vivemos e a necessidade de rever nossa história passar a limpo nossos conceitos, deixar bem transparente que o Brasil não é um país branco. Chega de jogar esses assuntos para debaixo do tapete. Foi massa!

Eu, Junião, Sara Lovatti e Graça Lima

Outras curiosidades sobre Cachoeiro do Itapemirim

A bienal de literatura está em sua sétima edição. Leva o nome de um dos cachoeirenses mais ilustres: o escritor e jornalista Rubem Braga(1913-1990), muito conhecido por suas crônicas em jornais e revistas de grande circulação no país. Foi também correspondente de guerra na Itália e Embaixador do Brasil em Marrocos.

Digo um dos mais ilustres porque Cachoeiro também é terra natal de outros capixabas ilustres como o ‘rei’ Roberto Carlos, Sérgio ‘bloco na rua’ Sampaio; do entertainer e polêmico Carlos Imperial; da atriz e feminista, atriz, dançarina e naturista Luz Del Fuego; e da atriz Darlene Glória, que não nasceu em Cachoeiro, mas começou a carreira de cantora numa rádio da cidade e foi Miss Cachoeiro do Itapemirim antes de se mudar para o Rio de Janeiro.

Momento Bienal

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